domingo, 10 de agosto de 2008

Remoto Controle


Semaninha dos infernos esta última... Tudo na minha vida seguia um curso tranqüilo, mas de repente veio o caos. Diversos problemas, que não pude prever, começaram a estourar logo na segunda-feira. Trabalho, estudo, família, filha, conta bancária... Viajei preparado para voltar à babilônia e trabalhar feito louco, em dois lugares. MAS, meu ingresso na nova empresa foi adiado e, por falta de motivação, acabei trabalhando apenas três dias no trabalho atual. E, devo ressalvar, trabalhei porcamente. Na faculdade, além da minha grade estar cheia de buracos, estou sem ânimo algum para assistir aula. Resultado: fui apenas dois dias na faculdade e, mesmo assim, só assisti a uma aula. E isso não me faz sofrer não. Posso me dar ao direito de ser rebelde às vezes (posso?).

Não vou entrar em pormenores dos acontecimentos da semana, porque me desgastei demais já. Mas, devo registrar que tive dois ataques de fúria entre a noite de quarta e a manhã de quinta. No primeiro, quase quebrei meu punho após destruir o telefone e socar a parede. No segundo, joguei um prato no chão, que se espatifou em ziguilhões de cacos, o que fez minha irmã grudar na parede de susto. (GENTE! É fantástico esse lance de quebrar prato! Relaxa tanto!!).

Qual a razão destes ataques? O joguinho chulo da vagabunda mãe da minha filha, que usa a menina para satisfazer os seus caprichos. Não gosto muito de falar nessa vagabunda mulher. Ela conseguiu introduzir em mim um sentimento tão ruim e tão destrutivo... há seis anos esse sentimento me consome. Ex-mulher, ex-namorada, é EX. Você muda seus números de telefone, bloqueia no MSN, deleta Orkut, faz o escambau a quatro para se livrar de qualquer contato. MAS, ela não é ex, ela é a mãe da minha filha e eu serei obrigado a conviver o resto da vida com ela.... isso me consome tanto. Me dói demais arrepender do dia em que fui pra cama com ela, porque indiretamente isso significa que eu me arrependo de ter sido pai – e minha filha é meu maior tesouro.

Enfim... hoje é aniversário da minha filha. SEIS anos (isso me assusta) completados no Dia dos Pais (ela nasceu na véspera). E ela não está comigo... Ontem foi a festinha dela na minha casa. O “Baile da Princesa” foi todo organizado pela minha irmã, que a trata como se fosse filha. Mas eu já sabia que não ia dar muito certo essa festa em função, claro, do joguinho chulo daquela vagabunda mulher. PELOMENOS ela esperou o final da festa para aprontar das suas... e eu saí de casa na hora para não arrebentar a cara dela. Minha ex-namorada (a que sabe tudo sobre meu lado cor de rosa!) me acompanhou. Ela me conhece e percebeu que meu olhar lançava ódio. Em quase quatro anos de convivência, sendo dois de convivência íntima, ela nunca me viu chorar... mas ontem ela me viu desabar em soluços... Tadinha! Acho que ela assustou! Ficamos fora cerca de 10 minutos... voltamos para minha casa, a vagabunda mãe da minha filha ainda não tinha saído e eu, literalmente, me tranquei no quarto para não topar com ela. Eu queria esfolar a cara dela no asfalto... Enfim ela foi embora, e minha filha também. E eu desabei em choro de novo, já na frente de várias pessoas... chorei de soluçar e babar... além da minha ex, meu único ex também estava presente e acho que ele também nunca me viu chorar... Chorar faz bem, muito bem, e eu já não sabia mais como era o alívio provocado por um choro.

No último sábado, àquela hora, eu estava a beira-mar. MAS, como aqui não tem mar nós fomos para um BAR! Eu, minha melhor amiga, meu melhor ex-namorado e minha melhor ex-namorada!!! Precisava distrair e relaxar um pouco. Chorar mais não resolveria nada, e me lamuriar pelos erros cometidos não reverteria as cagadas que acumulo... Enfim, fomos a um barzinho perto da minha casa. Bebemos um bocado, comemos codorna assada na brasa, e rimos MUITO! Situação meio non sense! Várias vezes estivemos os quatro reunidos, mas nunca estivemos tão transparentes e unidos. Eu e Marco sem constrangimento algum com as meninas, que falavam, em meio a risadas, de como foi a revelação de que éramos gays! PUTS... como sou feliz pelos amigos que tenho! Como aquele momento ali no bar foi capaz de me distrair (nem tanto!) e me alegrar (imensamente!).

Mas as surpresas não pararam por aí... A noite merecia ser melhor aproveitada... qual a opção proposta pelo Marco? TADAM! Balada Gay!!!! Hahahahaha CARAAAACA! Foi muito bom! Nunca me imaginei indo a um lugar gay com minha ex-namorada!!!! Eu, que já estava bêbado, fiquei ainda mais... e dancei horrooooores... e passei mal de ri com ela!!!! Hahahaha Ela queria porque queria me jogar em cima de um homem qualquer, dizia o tempo inteiro que tinha que me ver beijando um homem. MAS, definitivamente, não estava nem um pouco interessado em me jogar em ninguém. Se estivesse, não me sentiria nem um pouco constrangido em ficar com um cara na frente dela. E a frase da noite, em tom de surpresa/decepção, foi: “Essa loirinha é hétero?” hUAhUAAHUAHAUhaUahUAhUAH Ri demais também de um inglês me perguntando se meu cigarro DIPALHA era marijuana... hahahaha... e o cara ainda tentou render assunto, MAS eu já não falo inglês sóbrio, bêbado então...!

A noite foi ótima, e embora meu estado de espírito esteja longe da felicidade e completude, não estou sofrendo. Não estar com minha filha hoje dói um bocado, mas... é melhor evitar maiores atritos. Para espancar aquela vagabunda mulher falta pouquíssimo, e ficar preso não é uma idéia muito interessante... Não estar com quem mudou o meu sentir não é coisa fácil de aceitar... MAS, remoer o “eu não devia ter feito” não muda os fatos. E lembrar os erros é importante para não fazer merda de novo. O que preciso URGENTEMENTE é aprender a controlar meus impulsos... controle é algo tão remoto em mim...

AH!!!!! Esqueci o MELHOR registro de ontem... por volta da hora do almoço, minha priminha mais nova (tem 18 anos) entrou no meu quarto sem avisar e me pegou chorando (É! Eu to chorão mesmo. Depois de anos sem chorar, abri a torneira! huahauha)... Ela é um doce de menina, carinhosa até e muito “família”, gosta de cuidar de todo mundo. Me perguntou o que eu tinha e eu falei que tava com dor de amor... rs... Contei pra ela mais ou menos o que isso significava e tals. E disse também que as coisas são muito complicadas para mim, que ela não imagina o tanto que o primo dela é “complexo”. E ela dizia “Ô primo! Por mais difíceis que sejam as coisas, a gente complica muito mais” e bla bla bla. Dae, vieram as inevitáveis perguntas: quem ela é? Ela é da faculdade? Ela mora onde? Ela isso, ela aquilo? QUE SACO isso... Aquilo começou a me angustiar ainda mais. Mas num dava para dizer “Prima não é ela, é ELE”! Ou melhor, dava. E deu! Como havia muita gente em casa e grande movimentação por causa da festa que começaria as 15h, não dava para explicar a ela minha história gay. Dae, tive uma idéia brilhante. Procurei o e-mail confissão que mandei pra minha ex, no qual eu narro em dez páginas toda a minha trajetória gay. Disse a ela: “Prima! Leia isso aqui. Me sinto seguro em te confidenciar isso. Depois de ler, você vai entender porque seu primo é tão complexo”. Ela sentou-se para ler, e eu saí do quarto. Tempo depois eu volto, sento no sofá, e espero ela terminar de ler. Ao final, ela virou e disse “Primo! Como disse, a gente complica as coisas demais! Não há nada de tão complexo na sua vida não, pelo contrário”, levantou-se, me deu um abraço forte, um beijo demorado, e disse “Te amo demais primo! E vou te apoiar em tudo sempre. Você me orgulha demais!”. Aí eu chorei de novo (hahahaha). Perguntei se ela ficou chocada, e ela disse que de forma alguma, que ficou apenas um pouco surpresa. Novamente, ficou mais claro para mim que vale muito a pena contar que sou gay para as pessoas que gostam de mim e me querem bem!